“Não nego o que eu falei. O que falei, está falado”. A declaração é do padre Ramiro José Perotto, do município de Carlinda (762 km de Cuiabá), que afirmou nas redes sociais que a menina de 10 anos, vítima de estupro no Espírito Santo, “estava gostando” dos abusos que sofreu. O líder religioso ressaltou também que continuará ministrando suas missas normalmente.
Conforme o representante católico, esse seria o único motivo para que a criança não tivesse denunciado a violência que perdurou por quatro anos. Ao responder uma internauta, o padre disse que a menina “compactuou” com os estupros porque ela “gostava de dar”.
Ao ser questionado pela reportagem, nesta quinta-feira (20), sobre as declarações nas redes sociais, o padre apenas disse “o que falei, está falado”.
Já sobre um possível afastamento da igreja, o padre garantiu que continuará ministrando as missas na Paróquia São Pedro Apóstolo de Carlinda, de maneira normal, tendo a autorização do Bispo Canísio Klaus para isso.“O Bispo falou para eu continuar trabalhando, rezando missa normal. A decisão quem toma é o Bispo”, declarou o representante católico.
No fim da tarde desta quinta-feira (20), o religioso encaminhou um comunicado à reportagem o qual afirma que assume toda a responsabilidade pelo que disse na rede social. Além disso, Ramiro explica que não teve intenção de escrever palavras de baixo calão e pediu desculpas aos que se sentiram ofendidos.
“Assumo a responsabilidade de ter proferido palavras desagradáveis, e justifico que compartilho da defesa da vida, nunca condenar e tirar julgamentos. Não foi minha intenção proferir palavras de baixo calão, as quais não comungam com minha fé e minha crença na pessoa humana. Àqueles que se sentiram ofendidos, só resta meu pedido de perdão”, diz trecho do comunicado. (Veja na íntegra no final da matéria)
Repercussão
Após a repercussão dos comentários, Ramiro José foi severamente criticado pelos internautas em suas redes sociais. “Nojento”, “imundo” e “blasmefador” foram algumas das expressões encontradas nas publicações de Ramiro, antes dele desativar suas contas no Facebook e no Instagram.
Paróquia de Carlinda
A Paróquia do município de Carlina foi palco de outro escândalo em fevereiro de 2020, quando o padre Vailto Venâncio Filho foi afastado da Paróquia de Carlinda por denúncias de assédio sexual, sofridos por duas vítimas.
Veja a nota na íntegra:
Feliz daquele que é consciente de suas atitudes.
Caríssimos. Eu, Pe. Ramiro José Perotto, pároco na Paróquia São Paulo Apóstolo, Carlinda, MT, venho por meio desta dizer-vos que assumo toda a responsabilidade de três postagens em meu facebook sobre a defesa da vida, no caso do aborto ocorrido no último dia 17.
As postagens foram excluídas por mim mesmo quando percebi inúmeros comentários que atacaram a minha defesa. Assumo a responsabilidade de ter proferido palavras desagradáveis, e justifico que compartilho da defesa da vida, nunca condenar e tirar julgamentos.
Não foi minha intenção proferir palavras de baixo calão, as quais não comungam com minha fé e minha crença na pessoa humana.
Àqueles que se sentiram ofendidos, só resta meu pedido de perdão. Excluí meu facebook por não querer mais ofender e ser ofendido.
Precisamos ser fraterno. Sempre preguei isso. As vezes que não fui, que Deus me perdoe. Lutemos pela vida, ela é dom de Deus.