Duas grandes explosões atingiram na tarde desta terça-feira (4) a cidade de Beirute, capital do Líbano. Segundo as autoridades locais, ao menos dez pessoas morreram e um grande número de pessoas ficou ferido.
Ainda não há detalhes sobre o que motivou o incidente. As explosões ocorreram na área portuária da cidade, onde ficam diversos armazéns.
Duas fontes de segurança e a agência de notícias estatal NNA afirmam que a origem da explosão foi justamente um armazém de explosivos na região, que antes estava pegando fogo —não há informação se o incêndio foi proposital e qual o tipo de explosivo que havia no local.
Vídeos nas redes sociais mostram uma grande nuvem de fumaça na capital e imagens de prédios destruídos.
A video I received on WhatsApp of the scalr of explosion in #Beirut, confirming it was at the port. pic.twitter.com/bIkcyfsi0o
— Bissan Fakih بيسان فقيه (@Bissan_Fakih) August 4, 2020
https://twitter.com/SVNewsAlerts/status/1290674216623366144?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1290674216623366144%7Ctwgr%5E&ref_url=https%3A%2F%2Fnoticias.r7.com%2Finternacional%2Fexplosoes-no-porto-de-beirute-libano-causam-grande-destruicao-04082020
Footage of the Explosion in #Beirut #Lebanon a few minutes ago. Praying for the safety of everyone. pic.twitter.com/6Q3y6A6DxL
— Fady Roumieh (@FadyRoumieh) August 4, 2020
Mega explosão em #Beirut 04-08-20
Mega explosion in #Beirut 08-04-20 pic.twitter.com/jI2pMU3nDM— José Anselmo (@javieiraneto) August 4, 2020
De acordo com a rede de TV Al Arabiya, as explosões foram ouvidas por toda a cidade e ao menos uma delas teria ocorrido nas proximidades da residência do ex-premiê Saad Hariri. A informação não foi confirmada oficialmente.
Ele postou uma foto em uma rede social logo após as explosões, indicando que está bem e que não ficou ferido na ação.
Segundo testemunhas ouvidas pelo canal, construções que ficam a quilômetros de distância da explosão foram atingidas.
“Vi uma bola de fogo e fumaça sobre a cidade. As pessoas gritavam e corriam, sangrando. Varandas foram arrancadas dos prédios. Vidros de prédios altos caíram nas ruas”, disse uma testemunha à Reuters.
A fragata brasileira Independência, nau capitânia da Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), não estava no porto de Beirute na hora da explosão. Ela está no Mediterrâneo, patrulhando a região.
A embarcação leva cerca de 200 marinheiros. A Unifil foi criada em 2006 para verificar a retirada israelense do sul do Líbano e evitar o contrabando de armas por via marítima, após um dos inúmeros embates entre as duas partes nas últimas décadas.
Ela foi a primeira força da ONU a contar com uma missão naval, que é comandada pelo Brasil desde 2011.
JULGAMENTO
Nesta semana, está prevista a divulgação do veredito de um tribunal apoiado pela ONU (Organização das Nações Unidas) contra quatro homens acusados de terem participado do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri —pai de Saad— em 2005. O resultado deve ser anunciado na sexta-feira (7).
Os réus, todos membros do movimento xiita Hizbullah, estão sendo julgados à revelia pelo Tribunal Especial do Líbano (TSL), com sede em Haia (Holanda), encarregado de ditar a sentença 15 anos após o atentado com um carro-bomba, em Beirute.
O ataque matou o bilionário sunita e outras 21 pessoas, além de ter deixado 256 feridos.
O assassinato de Hariri, pelo qual quatro generais libaneses foram inicialmente acusados, desencadeou uma onda de protestos que forçou a retirada das tropas sírias do país, após 30 anos no Líbano.
O Hizbullah, que nega envolvimento no ataque, opõe-se a entregar os suspeitos, apesar de vários mandados de prisão do TSL. Hariri era considerado o principal líder dos sunitas no país, enquanto o Hizbullah, que tem apoio do Irã, representa parte da comunidade xiita.
O movimento não reconhece o TSL. Segundo analistas, o tribunal, estabelecido em 2007 após uma resolução do Conselho de Segurança da ONU a pedido do Líbano, tem sido questionado e representou um custo de vários milhões de dólares para o país.
O veredito do julgamento será divulgado na sexta-feira, às 11h (no horário local, 6h em Brasília), com “participação virtual parcial”, devido à pandemia de coronavírus, informou o tribunal.
O assassinato de Hariri “tinha um objetivo político”, afirmou a acusação durante o julgamento, lembrando que o ex-premiê “era visto como uma grave ameaça aos pró-sírios e aos partidários do Hizbullah”.
Se forem considerados culpados, os acusados poderão ser condenados a prisão perpétua. As sentenças serão divulgadas mais adiante.
Acusação e defesa poderão recorrer e, se um dos acusados finalmente comparecer diante do tribunal, poderá solicitar outro processo.
Saad Hariri, filho de Rafik e que renunciou ao cargo de premiê em 2019, disse em um comunicado divulgado na semana passada que “não havia perdido a esperança na Justiça internacional e na revelação da verdade”.
O atual primeiro-ministro, Hassan Diab, alertou que as autoridades “devem estar preparadas para enfrentar as consequências” do julgamento.
O primeiro suspeito, Salim Ayyash, 50, é acusado de homicídio doloso e de ter liderado a equipe que cometeu o ataque. Outros dois homens —Hussein Oneisi, 46, e Asad Sabra, 43— estão sendo julgados por filmarem um vídeo que reivindicava a autoria do crime em nome de um grupo fictício.
O último acusado, Hassan Habib Merhi, 52, enfrenta várias acusações, incluindo cumplicidade em um ato terrorista e conspiração para cometê-lo.
Mustafa Badreddin, o principal suspeito e apresentado como o “cérebro” do atentado, não pode ser julgado porque morreu alguns anos após os eventos.
Analistas avaliam que a divulgação do veredito pode fazer ressurgir tensões no país, que passa por uma crise econômica sem precedentes.